quinta-feira, 28 de maio de 2015


A melhor parte de você já foi amada?



Este texto é um dos que eu mais admiro. Ele fala de amar partes que não são palpáveis (tácitas), que são sentidas, fala da possibilidade de amar as tuas fraquezas, tuas dúvidas, teus medos, teus maiores desafios a serem vencidos na vida. Fala de trazer junto a essência, base, construção, amor genuíno, sem amarras, sem peso, sem validações financeiras, sem ciúmes, sem cenas de novelas, sem ter de montar cenários, viver de verdades, de poder se fragilizar, de ter a possibilidade de ser humano(a) na maior parte do tempo. Entendo disso, pois sou assim. Não fico na parte boa, pego tudo junto o que tiver que vir, mas trocar a parte boa é sempre especial, é sempre gerador de energia limpa, clara e saudável. Relações saudáveis são raras, mas existem e a parte mais linda, é que tem jeito sim de ser muito, mais muito feliz!
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Por Patrícia Pinheiro
Acordei, outro dia, de um sonho um tanto peculiar: eu estava parada, à noite, no meio de uma rua aleatória, quando um grupo de meninas passou cantando – e em inglês – o que seria algo do tipo: ” A melhor parte de mim nunca foi amada”. Era uma música linda, e consigo me lembrar apenas dessa curiosa frase.
As melhores partes de nós já foram amadas? Tenho certeza que já se apaixonaram pela cor ou pelo formato dos teus olhos, mas já se deixaram comover pela maneira única como eles enxergam o mundo?
Já desejaram ser a respiração ofegante que sopra em teus ouvidos, mas conhecem e respeitam o dom terapêutico de escuta que eles têm?
Já te amaram pelos desejos que teus lábios provocam, mas quantos conhecem a fundo os motivos que os fazem desenhar os melhores sorrisos? Quantos te decifram pelo timbre? Quantos te elogiam pela eloquência, ou te emprestam palavras e tranquilidade na falta dela?
Já encontraram sensualidade e conforto nos teus ombros, mas te amam, também, pelo peso que eles já tiveram de carregar? Conhecem e respeitam as dores que, ao longo do tempo, os moldaram?
Já amaram o lindo formato das tuas pernas, mas ovacionam a tua determinação – ainda que fraquejante – para nunca ter desistido de seguir em frente? Te admiram pela coleção de trajetos que te fazem ser quem és?
Muitos valorizam o aperto e a textura das tuas mãos, mas quantos se orgulham verdadeiramente de todas as pequenas mágicas que são capazes de brotar delas? Quantos te amam pelo dom?
Muitos já fizeram teu coração acelerar, mas quantos – por conhecerem cada rachadura dele – o afagam constantemente e garantem que a vida seja bem mais que seus batimentos?
Existe beleza na presença e ausência de cada pedacinho de nós, mas, se for para amar, que nos amem por inteiro; que amem nossas melhores partes, que sempre serão aquilo que o físico pode até transbordar, mas jamais capturar totalmente.


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